Há 10 anos, em 11/setembro/2001, todos nós assistimos aos ataques ao World Trade Center (WTC) e acompanhamos os esforços de resgate de milhares de policiais, bombeiros e voluntários. Meses após o evento, várias publicações divulgaram problemas respiratórios e psiquiátricos que afetaram aqueles que trabalharam no resgate, bem como os sobreviventes. Mas surgiram muitas dúvidas: qual o efeito a longo prazo daquela exposição à fumaça e tóxicos? essas pessoas teriam acompanhamento médico especial? Agora, no aniversário de 10 anos do 11 de Setembro, os periódicos The Lancet e JAMA publicam artigos especiais tentando responder a essas perguntas!
Doenças crônicas: cerca de 50.000 pessoas trabalharam no resgate do WTC e, durante dias e semanas, ficaram imersos numa nuvem de poeira composta por benzeno, asbesto, fibra de vidro, metais pesados e outras substâncias tóxicas. O acompanhamento desses pacientes ao longo de 9 anos revelou que o que era esperado: uma grande prevalência de doenças respiratórias e psiquiátricas: 27,6% tinham asma e 42,3%, sinusite; 7% dos policiais tinham depressão e 9,3% com estresse pós-traumático. De fato, cerca de 20% deles tinham múltiplas doenças. Além disso, há uma relação positiva entre a incidência dessas doenças com a exposição: quem trabalhou nos primeiros dias, por mais tempo e em áreas mais expostas foi mais afetado.
Atendimento médico e financiamento: devido a essas doenças, centenas de trabalhadores passaram a ter enormes gastos com sua saúde (lembre-se que nos EUA não existe saúde pública) e muitos tiveram que deixar de trabalhar. Mas somente em 2010 a legislação americana aprovou uma medida de financiamento contínuo para tratamento e seguimento desses pacientes. Estima-se que esses pacientes precisarão de acompanhamento médico rigoroso para o resto da vida, pois há um risco contínuo de surgimento de novas doenças: já se sabe, por exemplo, que há uma incidência 10% maior de neoplasias em bombeiros que trabalharam no atentado do WTC.
Conhecimento médico: nunca um desastre foi tão estudado! E ao longo desses 10 anos, muito conhecimento foi adquirido sobre a fisiopatologia das doenças por exposição ocupacional. Todavia, não se sabe ainda o grau de interação entre as doenças físicas e psiquiátricas ou quais neoplasias seriam mais associadas às substâncias presentes nos escombros. Veja, por exemplo, o caso exemplificado no vídeo abaixo, no qual Sanjay Gupta, famoso médico correspondente do CNN, mostra o caso de dois irmãos bombeiros que trabalharam no resgate do WTC: um irmão permaneceu saudável e o outro desenvolveu fibrose pulmonar e dermatopolimiosite.
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Para saber mais:
The Lancet. 9/11
CNN. 9/11 10 years later
1. Mauer MP. 9/11: the view ahead. Lancet. 2011 Sep 3;378(9794):852-4
2. Melius JM. Medical care for workers exposed to the WTC disaster. Lancet. 2011 Sep 3;378(9794):854-5.
3. Wisnivesky JP et al. Persistence of multiple illnesses in World Trade Center rescue and recovery workers: a cohort study. Lancet. 2011 Sep 3;378(9794):888-97.
4. Thorpe LE, Friedman S. Health Consequences of the World Trade Center Disaster: A 10th Anniversary Perspective. JAMA.2011 Sep 8. [Epub ahead of print]
Excelente matéria. Parabens
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