Residência Médica #4: Currículo e entrevista

Finalmente você chegou na 3ª fase das provas e vai ter a chance de mostrar seu potencial durante as entrevistas! Aquele currículo volumoso de 300 páginas que você trouxe com tudo (absolutamente TUDO!) que você fez na faculdade ... Infelizmente é essa a imagem que temos das entrevistas de residência médica, mas na maioria das vezes a realidade é bem diferente: as entrevistas são superficiais, rápidas e com perguntas específicas.

Claro que a entrevista é importante, mas lembre-se: só vale 10%! Muito difícil fazer diferença pra quem já vinha com notas ruins, ou seja, o grande fator da entrevista é o desempate: aquele pontinho que faz diferença no final!

# Como preparar o currículo

O seu currículo deve ser sucinto mas ao mesmo tempo falar tudo de importante! Então é preciso organização e clareza para escrevê-lo. Alguns editais especificam o que querem e têm formulários online, mas como a maioria não fala, você deve fazer por conta própria. O Currículo Lattes pode ser um modelo, mas é muito mais destinado à pesquisa e as provas de residência perguntam mais detalhes sobre a graduação do que está incluído no Lattes. Segue abaixo o modelo que usamos:
-- capa
-- sumário
-- identificação, com dados pessoais, documentos, foto, etc
-- formação acadêmica, com detalhes sobre TCC, carga horária e estágios do internato
-- atividades acadêmicas (ensino, pesquisa e extensão), com carga horária, financiamento, professor orientador, etc
-- estágios extracurriculares, com ingresso, carga horária, coordenador, hospital, etc
-- idiomas, com nível e cursos feitos
-- prêmios e títulos, assim como no Lattes
-- produção bibliográfica, assim como no Lattes 
-- trabalhos apresentados em congressos, separando modalidade oral e poster
-- participação em eventos, especificando se foi como participante, comissão organizadora ou palestrante
-- participação em cursos
-- outras atividades

Lembrando que ao final é preciso anexar as copias dos documentos que comprovem as atividades citadas no currículo.

Trecho do currículo que utilizei durante as provas de residência.

# Quanto vale a entrevista

Por norma do CNRM a entrevista deve valer 10% do total, mas geralmente esses 10 pontos são divididos: 

-- alguns pontos para instituição de origem (se tem 02 anos de internato, se tem hospital escola)

-- outros para o desempenho do candidato na entrevista em si (aí entra sua habilidade de conversar!) 

-- e 40 ou 50% para o currículo em si (geralmente pontuam iniciação científica, estágios, participação em eventos e língua estrangeira).

Isso varia muito de um edital para outro, por exemplo, em alguns basta comprovar que fala uma língua estrangeira e você já ganha o "ponto de línguas"; mas em outros quanto mais línguas e quanto mais alto o nível, mais pontos você ganha.

# Como fazer uma boa entrevista

Primeira dica: controle o nervosismo! A entrevista, de fato, é uma triagem de loucos e mentirosos. Então desde que você pareça normal e não minta nada do seu currículo, você não vai perder pontos! E não mentir no currículo é essencial: melhor do que ter um currículo cheio de coisas que você não fez ou mal fez, explore bem as que você tem (mesmo que sejam poucas) e você vai se dar bem! Geralmente na entrevista eles não perguntam todos os detalhes do currículo, mas escolhem algo para que você explique melhor, por exemplo, na minha prova do HC FMUSP implicaram com meu curso de francês: perguntaram por que quis estudar francês, onde estudei, se já fui à França, se conhecia local tal, se tinha visto tal filme francês, etc. Ou seja, veja que as perguntas não têm nada a ver com medicina, mas testam se aquele dado do meu currículo é verdadeiro!

Outra coisa importante: vá bem vestido! Mas perceba a ocasião: não é festa, não é balada e não é a casa dos seus amigos; é uma entrevista de trabalho. Então vá com uma roupa sóbria e elegante. Os homens geralmente vão de roupa social e nas especialidades cirúrgicas usam mais terno; para as mulheres não há padrão: pode ser vestido, saia, calça ... mas desde que não seja transparente ou decotado. Nas especialidades cirúrgicas predomina calça social e camisa de manga longa e poucas mulheres usam terninho. E para as meninas: cuidado com a maquiagem e os adereços! Em bancas mais femininas (como dermato e pediatria) isso vai ser bem visto, mas em bancas de especialidades cirúrgicas, onde 99% são homens, isso pode ser interpretado com uma forma de chamar atenção.

E é isso: a entrevista não tem segredo! Fale bem, responda o que lhe perguntam e aja naturalmente! A banca não quer nada excepcional, só quer lhe conhecer melhor!

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